O falecimento de uma criança na tarde desta terça-feira, 17 de dezembro, no Hospital São Salvador (HSS), provocou grande comoção em Além Paraíba. O menor S.O. de S. foi internado no último domingo, dia 15, após a família relatar que ele estava há três dias sem evacuar, apresentando quadro de constipação intestinal. A causa da morte foi confirmada como Fasciíte Necrosante, uma infecção bacteriana severa que provoca a destruição rápida dos tecidos sob a pele.
Segundo informações do Hospital São Salvador, o atendimento inicial foi realizado pela médica pediatra Dra. Ana Paula Monsores, profissional experiente e com longo histórico de serviços prestados na cidade. Durante o primeiro exame, foram identificadas vermelhidão e fissuras na região anal. Após a realização de um clister (enema) com uma sonda de baixo calibre para aliviar a constipação, o menino foi internado na pediatria para acompanhamento e tratamento.
Na segunda-feira, dia 16, o pediatra Dr. Carlos Augusto Rodrigues constatou que as fissuras na região anal haviam evoluído para feridas com sinais de necrose, o que motivou o hospital a solicitar imediatamente a transferência para uma unidade com maiores recursos. Contudo, a vaga foi inicialmente negada devido à indisponibilidade de um cirurgião pediátrico, que poderia ser necessário no tratamento do caso.
Ainda durante a internação, exames indicaram que a criança testou positivo para dengue. Na manhã desta terça-feira, o quadro clínico piorou significativamente. Mesmo sem possuir uma UTI infantil, o hospital, com autorização da Gerência Regional de Saúde de Leopoldina, transferiu o menino para a Unidade de Terapia Intensiva do próprio HSS, onde continuou recebendo assistência intensiva.
O agravamento rápido do quadro levou ao diagnóstico de Fasciíte Necrosante, uma infecção bacteriana grave e rara, causada por micro-organismos como Streptococcus do grupo A e Staphylococcus, conhecidos como “bactérias devoradoras de carne”. Essas bactérias destroem os tecidos rapidamente e podem provocar falência múltipla de órgãos. Já no final da manhã, sinais de necrose também foram identificados em uma das mãos da criança, aumentando ainda mais a gravidade da situação.
Foi novamente solicitada uma transferência, dessa vez aprovada, para o Hospital São Paulo, em Muriaé. O SAMU foi acionado por volta das 9h, mas, devido a outro atendimento, chegou ao HSS apenas às 14h. A equipe do SAMU recomendou a intubação para o transporte, mas, infelizmente, a criança não resistiu e faleceu antes que a transferência pudesse ser realizada.
Em entrevista ao Jornal AGORA, a interventora do Hospital São Salvador, Dra. Ana Karina Pires, lamentou profundamente o ocorrido e afirmou que todas as medidas possíveis foram tomadas. “Durante todo o período no hospital, não faltou atendimento. A criança foi acompanhada de perto por pediatras e equipes de enfermagem, que empregaram todos os esforços para salvá-la. Infelizmente, o quadro era extremamente grave, e a Fasciíte Necrosante evolui de forma muito rápida.”
Dra. Ana Karina também repudiou os boatos que circulam nas redes sociais, enfatizando que não houve negligência no caso. “Mesmo diante dessa tragédia, grupos de WhatsApp estão sendo abastecidos com informações falsas. O hospital agiu com dedicação e transparência, e a família esteve ao lado da criança em todos os momentos. É uma perda que lamentamos profundamente.”
Espaço para manifestação da família
Como sempre fez, o site do Jornal AGORA está à disposição para a família caso deseje se manifestar ou publicar qualquer esclarecimento adicional.
Nota do Hospital São Salvador
O hospital divulgou a seguinte nota oficial: