Policiais da Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) e da 19ªDP (Tijuca), em conjunto com o Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MPSP), realizaram uma ação conjunta, neste sábado, e desarticularam um grupo que disseminava ódio e preparava um plano para realizar ataques contra o público no show da cantora Lady Gaga, em Copacabana, na Zona Sul do Rio.
As ações de planejamento eram elaboradas por uma plataforma de uma rede social e envolveriam uso de coquetéis molotov e outros explosivos artesanais. Um total de oito pessoas suspeitas de envolvimento no caso foram identificadas. Duas delas foram detidas. Um homem que seria o chefe do grupo foi preso no Rio Grande do Sul. Ele estava com uma arma. Já no Rio de Janeiro, um adolescente, também suspeito de coordenar o grupo, foi apreendido por armazenamento de pornografia infantil. A pedido da polícia, 15 endereços ligados aos suspeitos foram alvos de cumprimento de mandados de busca e apreensão emitidos pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. Todos são investigados por terrorismo e incitação ao crime.
— Então, essa operação, desde segunda-feira, os nossos policiais, a nossa inteligência recebeu uma informação no sentido de que haveria um plano articulado por meio dessas plataformas digitais para cometer um atentado à bomba com artefatos explosivos caseiros e coquetéis molotov que seriam utilizados no show da cantora Lady Gaga, realizado ontem, no dia 3 de maio, e principalmente com o foco no público LGBTQIA+. Esse era o foco do grupo dessa plataforma digital, dessa página, desse servidor que eles abrem na plataforma Discord. Foi uma operação extremamente importante, silenciosa que impediu de fato um ataque ao show da Lady Gaga, um show onde tinha cerca de dois milhões e cem mil pessoas. E eles estavam se articulando realmente para poder fazer esse ataque. Fizemos um trabalho em silêncio, na maior descrição, sem criar qualquer tipo de pânico, qualquer tipo de alarde e prendemos os dois principais chefes desta organização criminosa terrorista. O mandado de busca, a investigação, o título da investigação é terrorismo. Então, é uma investigação justamente sobre ataques terroristas— explicou o Secretário de Polícia Civil e delegado Felipe Curi.
Segundo a polícia, entre os alvos do ataque estariam crianças, adolescentes e o público LGTQIA+. Batizada de "Operação Fake Monster", a ação identificou que os suspeitos estariam recrutando jovens pela internet para promover os ataques. O plano era tratado com uma espécie de desafio coletivo. Já se sabe que o bando disseminava crimes de ódio, automutilação, pedofilia e conteúdos violentos, o que motivou a elaboração de um relatório técnico pelo Ciberlab da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (Diopi) da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do MPSP.
Na ação, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão contra oito alvos nos municípios do Rio de Janeiro, Niterói, Duque de Caxias , no Rio; Cotia, São Vicente e Vargem Grande Paulista, em São Paulo; São Sebastião do Caí, no Rio Grande do Sul; e Campo Novo do Parecis, no Mato Grosso. O trabalho contou com o apoio de policiais civis destes estados e também com agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core).
A informação de que o ataque aconteceria no show da cantora Lady Gaga teria sido recebida pela subsecretária de Inteligência da Polícia Civil, segundo o divulgado pela corporação. A partir daí, foi iniciado um trabalho para identificar os donos do servidor utilizado nas conversas e os participantes e coordenadores do grupo. O trabalho contou também com informações do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Em seguida, a polícia representou pela expedição de mandados de busca e apreensão junto ao plantão judiciário do Tribunal de Justiça do Rio de janeiro.
Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidos computadores, dispositivos eletrônicos e outros materiais. Tudo será analisado e periciado.
Como desdobramento da investigação, os agentes receberam uma informação vinda dos Estados Unidos, dando conta de que um homem cometeria um atentado contra uma criança, em Macaé, no Norte Fluminense, durante o show da cantora Lady Gaga. Os policiais foram até ao município para cumprir um mandado de busca e apreensão contra este nono suspeito. Esta ação não teria conexão com os outros oito suspeitos. Segundo as informações recebidas, ele ameaçava cometer o crime, alegando um suposto cunho religioso, durante o show, e transmitir o assassinato por uma rede social. Segundo a polícia, o homem responderá por terrorismo e induzimento ao crime.
O homem é brasileiro, tem 44 anos, e veio extraditado dos Estados Unidos há mais de um ano. Ele prestou depoimento e segue sendo investigado, mas continua em liberdade já que não houve prisão em flagrante. A polícia já sabe que ele chegou a fazer postagens em uma rede social ameaçando a cometer o crime.
Durante a operação contra os nove suspeitos foram apreendidos telefones celulares e computadores. Todo material será analisado e passará por uma perícia.
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