Começou na quarta-feira, 07 de maio, um dos processos mais tradicionais da Igreja Católica Apostólica Romana: o conclave, método de escolha de um novo Papa após a morte de Francisco. Nele, os cardeais, que atuam como colaboradores do Pontífice na condução da Igreja, têm a missão de eleger seu sucessor. Do total de 252 cardeais, 133 são votantes e elegíveis — aqueles que têm mais de 80 anos não são aptos a votar. Desde dezembro passado, o Brasil tem oito cardeais, mas só sete deles podem participar do processo.
Quem são os cardeais brasileiros que estão no conclave?
· Cardeal Odilo Pedro Scherer, 75, arcebispo de São Paulo (SP);
· Cardeal João Braz de Aviz, de 77 anos, ex-prefeito do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica;
· Cardeal Orani João Tempesta, de 74 anos, arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ);
· Cardeal Sergio da Rocha, de 65 anos, arcebispo de São Salvador (BA);
· Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, 74, arcebispo de Manaus (AM);
· Cardeal Paulo Cezar Costa, de 58 anos, arcebispo de Brasília (DF);
· Cardeal Jaime Spengler, de 65 anos, arcebispo de Porto Alegre (RS).
Além desses, há o cardeal brasileiro Dom Raymundo Damasceno Assis, de 88 anos. Nascido em Capela Nova (MG), ele tornou-se padre em 1968. Ocupou o cargo de secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por dois mandatos (1995-2003), foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, Educação e Cultura e presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) de 2007 a 2011. No mesmo ano, foi eleito presidente da CNBB (2011-2015).
Desde 2013, quando assumiu o papado, o Pontífice argentino nomeou 72 cardeais de diferentes nações, sendo 24 delas pela primeira vez. É o caso, por exemplo, do cardeal do Irã, o arcebispo Dominique Mathieu, de Teerã-Ispahan, um missionário belga. Também pela primeira vez há um cardeal na Sérvia, com o arcebispo Ladislav Nemet, de Belgrado, recebendo o chapéu vermelho. Atualmente, a América Latina tem 24 cardeais eleitores, enquanto a Europa lidera com 55.
Conheça os cardeais brasileiros que podem participar do conclave
Cardeal Odilo Pedro Scherer
Nascido em 1949 em uma família de imigrantes alemães em Cerro Largo, no Rio Grande do Sul, Dom Odilo entrou para o seminário em Toledo, no Paraná, para onde sua família se mudou quando ainda era criança. Foi ordenado padre em 1976, aos 27 anos. Apenas cinco anos depois de se tornar bispo, já foi nomeado pelo Papa Bento XVI, em abril de 2007, o líder da Arquidiocese de São Paulo – terceira maior arquidiocese católica romana do mundo. Na época, era secretário-geral da CNBB.
Considerado conservador e fortemente alinhado à Cúria Romana, ele renunciou ao governo da Arquidiocese de São Paulo em outubro. O Papa acatou o pedido, mas pediu que permanecesse no comando por mais dois anos. A manifestação está de acordo com uma norma prevista no Código de Direito Canônico. Segundo ela, ao atingir 75 anos, “o bispo diocesano é solicitado a apresentar a renúncia do ofício ao Pontífice, que, ponderando todas as circunstâncias, tomará providências”.
Cardeal João Braz de Aviz
Nascido em Mafra (SC) em abril de 1947, foi ordenado padre em 1972 e bispo em 1994. Foi bispo auxiliar de Vitória (ES), bispo de Ponta Grossa (PR), arcebispo de Maringá (PR) e arcebispo de Brasília, arquidiocese da qual é arcebispo emérito. Em janeiro, o cardeal foi substituído como prefeito do Dicastério para os Institutos da Vida Consagrada e Sociedade de Vida Apostólica no Vaticano, departamento responsável por gerir todas as congregações religiosas do mundo.
Quarto brasileiro a liderar um departamento no Vaticano, ele estava à frente do dicastério desde janeiro de 2011, ainda no pontificado de Bento XVI. Como fará 78 anos este ano, já havia ultrapassado a idade de aposentadoria, que é de 75 anos. Ele foi substituído pela irmã Simona Brambilla, a primeira mulher prefeita no Vaticano. Em 2019, dom Aviz foi designado por Francisco como presidente delegado do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica.
Cardeal Orani João Tempesta
De uma família de imigrantes italianos, dom Orani João Tempesta nasceu em junho de 1950 em São José do Rio Pardo (SP). Coroinha na infância, ele informou à família que seguiria a vida religiosa assim que terminou o colegial. Especialista em comunicação, foi o presidente da Comissão Episcopal para a Cultura, Educação e Comunicação da CNBB de 2003 a 2011. Nomeado arcebispo do Rio de Janeiro em 2009, foi anfitrião do Papa Francisco durante a XXVIII Jornada Mundial da Juventude, em 2013.
— Dom Orani é agregador. Sempre está aberto a conversar com todos e sempre escuta a todos. É muito querido e está sempre disposto. Dom Orani não é um homem para ficar em escritório. É um homem de ação pastoral — definiu o padre Jesus Hortal, ex-reitor da PUC-Rio, ao GLOBO em 2014, após Orani ser anunciado como cardeal pelo Papa.
Cardeal Sergio da Rocha
Nascido em Dobrada, no interior de São Paulo, o cardeal é mestre em Teologia Moral pela Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, também em São Paulo, e doutor pela Academia Alfonsiana da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma. Ele foi professor de Teologia Moral na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1989-2001) e colaborou, em Porto Velho (RO), no Projeto Missionário Sul I / Norte I e na Escola de Teologia Pastoral de São Luiz de Montes Belos.
Antes de assumir a arquidiocese de Salvador, Rocha foi arcebispo em Teresina e em Brasília. Em 2021, Dom Sergio da Rocha foi nomeado membro da Congregação para os Bispos pelo Papa Francisco. A Congregação para os Bispos é um dos principais organismos da Cúria Romana, que cuida da criação das dioceses, da nomeação de bispos, das visitas “ad Limina” e dos encontros de bispos novos. Em 2023, foi nomeado como integrante do Conselho de Cardeais.
Cardeal Leonardo Ulrich Steiner
Anunciado pelo Papa como cardeal da Igreja Católica em maio de 2022, Steiner tornou-se o primeiro cardeal da Amazônia brasileira. Nascido em Forquilhinha (SC), ele fez sua profissão religiosa na Ordem dos Frades Menores em 1976, ainda aos 25 anos, e foi ordenado sacerdote dois anos depois. Nomeado bispo em 2005 pelo Papa João Paulo II (1920-2005), ele tomou posse como arcebispo de Manaus em janeiro de 2020, após assumir o cargo ocupado por Dom Sergio Castriani desde 2012.
Bacharel em filosofia e pedagogia pela Faculdade Salesiana de Lorena, o cardeal também obteve a licenciatura e o doutorado em filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum de Roma. Ainda em 2020, ele disse ter considerado sua nomeação para cardeal como “uma expressão de carinho, acolhida, proximidade e cuidado do Papa Francisco para com toda a Amazônia”. Também declarou que a colaboração que pode oferecer ao Pontífice é fazer com que a Amazônia seja lembrada.
Cardeal Paulo Cezar Costa
Dom Paulo Cezar Costa, da Arquidiocese de Brasília, foi anunciado cardeal pelo Papa no mesmo dia que Steiner. Nascido em Valença, no Rio de Janeiro, em 1967, ele tem graduação em teologia pelo Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro (1991), mestrado em teologia pela Pontifícia Universitas Gregoriana (1998) e doutorado em teologia pela Pontifícia Universitas Gregoriana (2001).
Dom Paulo Cezar Costa foi ordenado presbítero aos 25 anos, quando foi vigário paroquial na Paróquia de São Pedro e São Paulo, no município de Paraíba do Sul. Em 2010, foi nomeado pelo Papa Bento XVI como Bispo-Auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Em junho de 2011, teve seu nome divulgado como membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB. Em 2016, foi nomeado 7º bispo da Diocese de São Carlos pelo Papa Francisco.
Cardeal Jaime Spengler
Dom Jaime Spengler nasceu em Gaspar (SC), no ano de 1960. Ingressou na Ordem dos Frades Menores em 1982 e cursou filosofia e teologia no Brasil e em Jerusalém, em Israel. Em 1990, ainda em Gaspar, foi ordenado padre. Posteriormente, fez doutorado em filosofia na Pontifícia Universidade Antonianum, em Roma. Em 2010, foi nomeado pelo Bento XVI como bispo auxiliar da arquidiocese de Porto Alegre.
Ele é arcebispo metropolitano de Porto Alegre desde 18 de setembro de 2013, quando foi nomeado pelo Papa Francisco. Escolheu como seu lema episcopal “Gloriar-se na Cruz” (Cl 6,14). Em abril de 2023, foi eleito presidente da CNBB para o quadriênio 2023-2027. Semanas depois, foi eleito presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho. À Canção Nova, Dom Jaime afirmou ter ficado “um pouco surpreso” com a nomeação para cardeal, anunciada em outubro passado por Francisco.
— Em todo caso, eu tenho dito e repito que, quando nós assumimos alguns compromissos em uma forma de vida, devemos estar prontos para o que der e vier. Quando mostramos o que somos e amamos o que fazemos, estamos dispostos para aquilo que o tempo, a Igreja e a comunidade pedir de nós — disse ele na ocasião.
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