O uso de cigarros eletrônicos, como o vape, é proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009. Apesar disso, a comercialização desses produtos ocorre de forma clandestina em várias regiões do país.
Os dispositivos ganharam destaque no Distrito Federal depois que uma adolescente de 15 anos morreu, na quarta-feira (28), por complicações causadas, suspostamente, pelo uso de cigarro eletrônico. Segundo médicos, a família não sabia que a estudante fazia uso do dispositivo (veja detalhes do caso mais abaixo).
A TV Globo simulou a compra de cigarros eletrônicos com três lojas diferentes do DF. Informações sobre preços e formas de entrega foram facilmente obtidos pela reportagem.
Em nota, a Anvisa informa que a responsabilidade pela fiscalização da venda de cigarros eletrônicos é dever das autoridade locais, e que o combate ao produto deve envolver autoridades nas áreas da saúde, segurança pública e de justiça.
Cigarros eletrônicos são encontrados tanto em lojas físicas quanto nas virtuais. No Distrito Federal, o produto é comumente exposto em prateleiras de tabacarias, e vendidos por ambulantes nas ruas.
Uma troca de mensagens simulada pela TV Globo, mostra como costuma ser fácil a negociação para compra por aplicativos (veja vídeo acima).
Ao entrar em contado, o vendedor diz que, se não tiver o produto na loja, é possível encomendar;
Em seguida, uma lista extensa de modelos de cigarros eletrônicos é disponibilizada ao cliente;
Os preços variam de R$ 60 a R$ 120, e tem até promoção. Se o pagamento for no pix, ou em dinheiro, o produto sai mais barato.
A TV Globo entrou em contato com outro estabelecimento que anuncia a venda de cigarros eletrônicos pelas redes sociais. A loja informa que faz até delivery do produto.
Segundo a Anvisa, estudos científicos que embasam as decisões sobre o cigarro foram revisados e, por isso, a proibição está mantida.
A Anvisa também diz que identificou que esses dispositivos não reduzem o consumo de nicotina, pelo contrário, aumentam a adesão ao tabagismo.
Em relação a fiscalização, a Receita Federal informou que, no ano passado, foram apreendidos mais de 2,8 milhões de unidades de cigarros eletrônicos no DF. Em 2025, até o mês de maio, já são mais de 740 mil unidades apreendidas.
De acordo com a Receita Federal, os estabelecimentos estão sujeitos a suspensão do CNPJ e de instauração de um procedimento criminal. Segundo a Polícia Civil, a pena para a comercialização do produto pode chegar a cinco anos de reclusão, além de multa.
No entanto, mesmo com as regras e as apreensões, ninguém foi preso nesse período.
Morte de Adolescente de 15 anos
Uma adolescente de 15 anos morreu, nesta quarta-feira (28), por complicações causadas, suspostamente, pelo uso de cigarro eletrônico no Distrito Federal. A jovem morreu no Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), mas antes esteve internada no Hospital Cidade do Sol, em Ceilândia, e no Hospital Universitário de Brasília (HUB).
No HUB, os médicos pediram a transferência para uma UTI pediátrica, e a estudante foi levada para o HRAN.
Ao chegar no hospital da Asa Norte, o pulmão já estava quase todo comprometido com inflamação, e o lado esquerdo parou totalmente de funcionar por causa das lesões, segundo a médica Alessandra Camargo.
A hipótese é que a morte tenha ocorrido por lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico, conhecida como "EVALI" — sigla em inglês para e-cigarette or vaping use-associated lung injury. A família não sabia que a estudante fazia uso do dispositivo, e só descobriu durante a entrevista médica, após o agravamento do quadro de saúde da adolescente.
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