Além Paraíba (MG) – O medo voltou a tomar conta da população de Além Paraíba na noite do último sábado (31), após um novo episódio de violência envolvendo facções criminosas rivais no município. O ataque, ocorrido no bairro Granja São José, na parte do Campo Alegre, resultou na morte de um homem e deixou outros dois feridos por disparos de arma de fogo. A cidade, cada vez mais acuada pela criminalidade, vive sob o estigma da insegurança, enquanto cresce a pressão popular por respostas das autoridades.
Segundo relatos colhidos pela Polícia Militar de Minas Gerais, o atentado aconteceu por volta das 20h10, na Rua Clóvis Schettino, nº 589. Conforme consta no Registro de Evento de Defesa Social (REDS nº 2025-025282221-001), as vítimas estavam na calçada de suas casas, consumindo bebida alcoólica, quando foram surpreendidas por dois indivíduos em cada uma de duas motocicletas, que chegaram atirando sem qualquer aviso prévio.
O homem identificado como R. P. V., de 31 anos, morreu ainda no local. Já P. C. F. J., de 34 anos, e L. S., de 41, foram socorridos com ferimentos causados por projéteis de arma de fogo. A PM relatou que ambos apresentavam sinais visíveis de embriaguez no momento do atendimento.
Ação rápida da PM e início das investigações
Equipes policiais do 4º RPM, 68º BPM, 52ª Cia PM e do 1º Pelotão de Além Paraíba foram acionadas imediatamente após denúncias de disparos no bairro Campo Alegre. No local, além de prestarem socorro às vítimas sobreviventes, os policiais localizaram o corpo de R. P. V. e isolaram a área para os trabalhos da perícia técnica, sob coordenação do perito Ângelo Ferreira Dorigo.
Durante a varredura da cena do crime, foram recolhidos 28 estojos deflagrados de munição calibre 9mm, reforçando a hipótese de execução premeditada. Os próprios feridos relataram que os autores dos disparos chegaram já atirando, em clara tentativa de eliminar o grupo. Pouco depois, um homem identificado como A. P. V., irmão da vítima fatal e conhecido como "Sapão", compareceu ao local e confirmou o contexto dos fatos, segundo informou a PM.
A motivação para o crime, segundo apuração preliminar da Polícia Militar, seria uma retaliação em meio à disputa entre organizações criminosas que atuam na região. Três indivíduos – identificados apenas pelas iniciais J. M., C. e M. V. – estão sendo apontados como possíveis envolvidos, mas, até o fechamento desta matéria, não haviam sido localizados.
Efeito social e político da violência
O episódio é mais um entre vários que vêm assolando Além Paraíba nos últimos meses, e a paciência da população parece ter chegado ao limite. A insegurança crescente tem provocado indignação, e, embora se reconheça que as Polícias Militar e Civil estão subordinadas ao governo do Estado de Minas Gerais, muitas das críticas têm sido direcionadas ao prefeito municipal, Dr. Paulo Henrique Marinho Goldstein.
Ex-delegado regional e profundo conhecedor da área de segurança pública, o prefeito foi eleito em 2024 com a promessa de priorizar ações voltadas para a proteção dos cidadãos. A vice-prefeita, Guará das Voluntárias, também foi escolhida sob essa expectativa. No entanto, segundo moradores ouvidos por nossa reportagem, as iniciativas do Executivo Municipal ainda não foram suficientes para conter a escalada da violência.
Críticos sugerem, inclusive, que a Câmara Municipal promova com urgência uma audiência pública sobre o tema, reunindo representantes do Ministério Público, Poder Judiciário, Assembleia Legislativa de Minas Gerais, especialistas em segurança, imprensa, sociedade civil e o público em geral. A ideia seria traçar estratégias integradas e intersetoriais para enfrentar a criminalidade em todas as frentes — desde ações repressivas até políticas sociais e de prevenção.
Efetivo policial mobilizado na ocorrência:
A operação contou com a atuação das seguintes equipes da Polícia Militar:
Viatura 33309: 3º Sargento Wanderson Ribeiro Gouvea, 3º Sargento Guilherme Coelho Araújo, 1º Tenente Felipe Oliveira de Moraes e Soldado Maira Menezes Silva.
Viatura 25598: 2º Sargento Alessandro de Souza Ferreira e Cabo David William Mendes.
Viatura 33641: 3º Sargento Bruno Rodrigues Teixeira, Soldado Luan Claro da Silva Amaral e Soldado Vitor Oliveira de Faria Machado.
As diligências continuam em andamento, e a população pode colaborar com informações que levem à identificação dos autores por meio dos canais 190 ou 181 (Disque Denúncia Unificado).
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